O silêncio das flores

Caminhando em meio as flores do meu jardim contemplo o universo da beleza e do mistério de existir. Nestas pequenas flores revela-se o enigma da vida, mas eu não o compreendo, apenas sinto como é belo existir. A beleza é estar vivo, pedra ou passarinho. Tudo vive, tudo existe; faz parte do mesmo sonho da Vida.

No meu peito há uma angústia serena que me faz querer dormir no seio da morte. Não é uma negação, é vontade de misturar-me a tudo que existe; um desejo de engolir num só gole o universo inteiro. Sei que eu não morro, pois eu não sou "eu". Existir é coexistir, não existo separado do mundo.

O silêncio das folhas levemente acariciadas pelos dedos invisíveis do vento representam o maior enigma que jamais sonhou qualquer poeta. Sinto vontade de chorar; não de tristeza, mas de um misto de saudade e ansiedade; um sentimento de ternura e ausência que preenche meu peito e desagua pelos meus olhos sagradas lágrimas por meio de um poder que desconheço.

Sinto que vim ao mundo e separei-me de mim mesmo; agora desejo voltar para o lugar do qual eu nunca vim. Tudo está aqui, sempre esteve e sempre estará.

Aqui... não em algum lugar. Mas Aqui. O que significa isso? Não sei responder...

Fiódor
Enviado por Fiódor em 29/04/2020
Reeditado em 29/04/2020
Código do texto: T6932507
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