Isso não é um poema
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Esse teclado de computador não tem o charme
de uma máquina de escrever,
mas, ao menos posso teclar com força,
posso me fazer soar a cada letra escrita,
a cada vez que aperto a barra de espaço.
Mesmo comigo em silêncio,
se você estivesse ao meu lado
escutaria os tiros e explosões enquanto eu formo cada maldita palavra.
Esse é meu mundo.
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O som das teclas é glorioso.
não precisa de sentido.
Não sou um idoso, mas quando guri eu digitava
os nomes dos meus bonecos de ação
usando uma velha máquina de escrever gélida
e enferrujada, mal sabendo que vinte anos depois
eu estaria tão velho e gélido quanto ela (mas não tão charmoso.)
Após escrever todos os nomes,
eu os sorteava, formando duplas que lutariam entre si, para aí então,
iniciar um acirrado e violento torneio de artes marciais,
sempre vencidos pelo Batman, Homem-Aranha ou Wolverine.
De fato, os resultados não eram muito honestos.
Hoje, reduzido (a quase sempre) escrever poemas através do smartphone,
lembro que os bonecos se foram,
que a velha máquina se foi,
que aquele guri criativo e acostumado a ser só, morreu.
“A vida é uma sucessão de portas que se fecham.”
Gostaria de ter sido o criador dessa frase,
mas não sou.
A ouvi em algum seriado ou a li em algum livro que não me lembro agora.
Isso não é um poema.
Poemas te deixam feliz ou triste,
ou te deixam pensando, o que é quase o mesmo de estar feliz ou triste.
Podem te deixar excitada(o)
ou te fazer ficar de pé contra um
governo podre.
Não, isso não é um poema.
Nem sei te dizer o motivo de publicar isso.
Escrevi-o para mim
e para o guri.