Resolvi não desistir de mim
Eu resolvi abrir a janela
E deixar o sol entrar.
Há tanto tempo no escuro,
Temia abrir as cortinas.
Temia o que tinha lá.
Eu tinha medo da luz,
Eu tinha medo de me alongar.
Eu só queria me encolher.
Era tristeza, era raiva do mundo.
Era inexplicável, qualquer palavra
Soava provocação.
Quem quisesse me ajudar eu não permitia
Afinal , só eu sei a minha dor, dizia.
Mas que dor era essa?
Ela tampava as frestas, eu não podia ver.
A dor não era física, mas até chegava a ser.
Um desânimo tão grande, o corpo pesado.
"Me deixa aqui no meu canto, só quero ficar sossegado.".
Mas que sossego era aquele, que tanto me abatia?
Não deixava abrir as cortinas, nem ver a luz do dia.
Sob efeito de remédio, meu Sistema Nervoso Central
Sentia menos tédio e um pouco mais legal.
Mas isso não resolvia eu precisava lutar.
Com o tempo aquelas doses só iriam aumentar.
Eu precisar lutar contra a vontade de desistir.
Eu precisava lutar, ninguém faria por mim.
Eu precisava lutar contra aquela luta por perder.
Eu precisava...
Foi então, que lutando eu rastejei-me com o resto de força que encontrei e abri a janela, a porta, a mente e o coração.
No início eu queria voltar correndo para o escuro, de novo.
Mas eu sabia que aquela era a primeira batalha.
Eu queria fugir das pessoas que a mim sorriam,
Aquela era a minha segunda batalha.
Eu sabia que haveriam outras, mas resolvi lutar por mim.
Por que não? Eu precisava me amar.
Fosse a raiz uma tristeza ou decepção,
Eu precisava cortar. Por que não?
Quando enfim, abri a minha alma, eu só pensava no sol.
Mas com ele, veio o calor, o arejamento, o vento.
Eu vi a vida que aquela força do mal queria me privar.
Eu vi a vida e a ela quis me agarrar.
Eu vi as cores, eu vi o vivo movimento
Eu senti vibrar por dentro, a vontade de viver.
Não foi fácil. Não foi num passe de mágica,
Todo o universo que passei a ter.
Mas não deixei que uma história trágica
Viesse a mim ocorrer
Eu precisei de força quando não tinha força.
Eu precisei de coragem quando só tinha medo.
Eu precisei amar-me quando só tinha dezelo.
Eu precisei aceitar que Deus sempre está comigo
Mas que Ele já tinha me dado recursos
Para eu poder usar.
Eu tinha capacidade de não me sentir sozinho
Eu podia andar no Caminho que Ele tinha para me dar.
E quando eu dei o primeiro passo, jamais me arrependi
Mesmo na dificuldade, nunca desisti.
Saí do lugar comum, da mesma ciranda de antes
Fui buscar novos círculos, fui vencer os meus gigantes.
Propus-me desafios que me estimulassem
Fiz coisas que faziam com meus olhos brilhassem.
Busquei alegrar-me com a alegria do outro.
Tirei o peso extra que a mim foi imposto.
Fosse culpa, tristeza, perda, desilusão, nada mais
poderia sufocar meu coração.
Que venha a alegria, com ela quero bailar.
E o que me angustia ou resolvo ou deixo no altar.
Mas importa que a minha porta nunca mais quero fechar.