O time dos sem-camisas da minha rua...
A minha rua era de humildes.
Todos os tipos de necessidades habitavam nela;
até a fome era comunitária e a bebida vacinava e
sagrava por igual... Homens e mulheres.
O ar triste daquela rua...
Deixava os cabelos das mulheres desarrumados e feios,
mas, nada que as impediam de matar a fome dos homens
por detrás daquelas janelas carregadas de feiuras e fomes.
Daquelas portas brotavam meninos e meninas de todos os naipes; uns sem pai e sem mãe... E uma avó que era tudo na vida dos pirralhos: era casa, arroz, feijão, banho e médica, via dos seus chazinhos milagrosos.
A vida se sustentava na leveza do vento...
E sempre que nascia um, morria um; e outro
ficava esperando a vez para morrer. Não que a criatura quisesse.
Mas, era a lei naquela rua de fraquezas...
Foi dali que eu escapei!
Nem sei como fugi dessa selva emaranhada de poeira...
Escrevi, com a planta do meu pé, a minha história no chão batido daquela rua... E, foi ali também, no meio dela, que eu fiz o meu primeiro gol para o time dos sem-camisas da minha rua!