MALDITA FOME!
Em seus gélidos braços me embalei quando criança,
Braços horríveis da fome maldita!
Choro baixinho e barriga roncando
Meu pai chorando em plena madrugada
Minha mãe em divisões mirabolantes
Fazia verdadeiros milagres com três ovos
E meio quilo de farinha para doze pessoas
Em uma única refeição por dia.
Numa boa, somos milagres surgidos das cinzas.
O mar tenebroso passou, mas lá vem mais onda,
Enormes cristas se formam e de repente o vácuo, vale,
A vida de mais nada vale ou nunca valeu
Para muitos apenas números estatísticos
Simples mão de obra, mais nada.
Eu era criança e meus pais meia idade
Hoje sou meia idade e meus pais já velhos
Para a sociedade já não servem mais
Já não produzem quase nada
Estão descartados, é peso a previdência,
Malditos, malditos, malditos políticos,
As caras mudaram, mas os pensamentos não,
Continua o mesmo, sem clemência,
Não se importam no ser humano,
Afinal são apenas números
Como se não tivessem uma História.
E a História novamente se repete
E a maldita fome reaparece
Com mais sangue nos olhos
Trazendo o frio da morte
E os que menos tiveram oportunidades
Contarão com a sorte,
Mas vão sobreviver, sei que vão
E quando voltarem se tornarão ainda mais fortes.
JOEL MARINHO
Em seus gélidos braços me embalei quando criança,
Braços horríveis da fome maldita!
Choro baixinho e barriga roncando
Meu pai chorando em plena madrugada
Minha mãe em divisões mirabolantes
Fazia verdadeiros milagres com três ovos
E meio quilo de farinha para doze pessoas
Em uma única refeição por dia.
Numa boa, somos milagres surgidos das cinzas.
O mar tenebroso passou, mas lá vem mais onda,
Enormes cristas se formam e de repente o vácuo, vale,
A vida de mais nada vale ou nunca valeu
Para muitos apenas números estatísticos
Simples mão de obra, mais nada.
Eu era criança e meus pais meia idade
Hoje sou meia idade e meus pais já velhos
Para a sociedade já não servem mais
Já não produzem quase nada
Estão descartados, é peso a previdência,
Malditos, malditos, malditos políticos,
As caras mudaram, mas os pensamentos não,
Continua o mesmo, sem clemência,
Não se importam no ser humano,
Afinal são apenas números
Como se não tivessem uma História.
E a História novamente se repete
E a maldita fome reaparece
Com mais sangue nos olhos
Trazendo o frio da morte
E os que menos tiveram oportunidades
Contarão com a sorte,
Mas vão sobreviver, sei que vão
E quando voltarem se tornarão ainda mais fortes.
JOEL MARINHO