Ruas quietas

Hoje o dia tem uma melancolia que faz

com que me sinta menos sozinha. 

Saio a caminhar no primeiro dia de abril

em ruas quietas,frias,tristes e vazias.

Algumas varandas já tem vestígios

de flores de maio perdidas no tempo...

Paro,escuto o silêncio,registro momentos.

Ouço uma agulha arranhando o vinil,

Na parede o violão encostado ,a palheta

guardada,o quadro negro apagado,o giz

quebrado,o chão rabiscado...

Nos armários, vestidos pendurados pairam

no ar como fantasmas esquecidos.

Sinto a solidão passar apressada,acanhada,

calada,encostando em muros pichados fugindo,

do resmungo do tempo...

Em uma janela o feixe de um abajur brilha

como se fosse o sinalizador minúsculo de

um farol,avisando que a noite chega como 

um veleiro,onde todos voltam a navegar

recriando seus destinos...

A brisa está fria,abraço meus braços

Aperto o passo entro no... silêncio.

Marcia Portella_Go

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