Peditório
Queria converter-me aos templos
Pintar meu rosto em octarinos selos
Ir de fronte ao fim de todos os tempos
E dizer d'alma o que guardei nos seios
Queria despir-me ora que estou cansado
Abusar da virtude dadivosa
Doar a quem for o meu pequeno lado
Evidenciando-a: "Eis, minha glosa
E já que tudo isto não passa de desejo
Queria voltar a ser menino
Ter de novo com os seres franzinos
Mentir meus sentidos, nunca mais
Nunca mais ouvir daqueles sinos
Nunca mais ter a faca dos amigos
Nem sentar, no salão coberto,
Acolhido por gentis inimigos
E ter-me assim, contrafeito
"— Ah, só desta vez, afasta meu veneno