Vigésimo quinto dia
"A quarentena de um poeta"
Vigésimo quinto dia:
O presidente da república, via broadcasting, invadira a minha casa e pronunciara na noite anterior a liberação de um medicamento que seria a grande arma contra o estrago feito pelo invasor, mas eu resolvera aguardar o resultado. Havia a possibilidade de cura como também os efeitos colateriais que suspenderiam o processo.
Enquanto isso o enfrentamento continuava entre a mídia e o governo. O assunto era a liberação do remédio não eficaz que fora consumido sem controle contrariando os especialistas da saúde que defendiam inicialmente a utilização somente para o grupo prescrito.
A cloroquina fora a temática das rodas de debates dos acusadores e defensores, enquanto que o invisível invasor se divertia a se alastrar e a desafiar a droga.
Havia muita cautela, parcimônia, por conta dos responsáveis pelo bem estar físico do povo brasileiro. Os medicamentos promissores demorariam a ter a comprovação de sua eficácia, filtrar as pessoas que realmente lhe necessitavam seria o mais correto, entretanto os ladrões de vida corriam na frente a acabar com o estoque a se arriscar ter uma bomba instalada no tórax ou na garganta ou no pescoço.
Ouvira uma voz que dissera:
" Os médicos estariam pressupondo aquilo que deveriam demonstrar"
Paralelamente, havia um plano de socorro financeiro aos estados a ser discutido num canto do palácio onde os mentirosos especulavam os valores na casa dos bilhões. Uma dívida a ser muito cara, uma sinuca de bico enorme que para se sair dela seria necessário uma mão destra. Nascera mais um filhote da oportunidade, a galinha dos ovos de ouro.
Ao lado, o mandatário poderia estar sendo aconselhado pelo seu guru que de longe, muito longe, estava a bombardear a Saúde.
O guru
Guru, o que aconselha
Estimula a mula
No abaixar de sua sobrancelha
A escrever a bula
As ideias absurdas pra que serve?
Há contraindicações
Como usar?
Há precauções
Haverá reações adversas
E uma superdosagem
Numa overdose de persuasão
Ativará a desdemocratização
Desmazelo do guru sem turbantes
Que numa aventura de percurso
Coleciona rifles bastantes
Que abatem os ursos