O decreto

Anteriormente cogitei manter sua imagem projetada em meus escritos sinceros, mas os cenários da vida mudam e com eles vão pretensões fúteis.

Manter vivo alguém que nunca mais será a pessoa que um dia trouxe inspiração e esperança é alimentar e fortalecer a evidente inutilidade.

Apesar da morte ser extremamente dolorosa, às vezes ela é a responsável por nos fazer viver.

Preciso vivenciar o luto por quem nunca mais voltará, abandonar de vez a impalpável memória.

Não é uma finitude corpórea, mas sim de tudo aquilo que acreditei e senti desde que o vi.

Enquanto não tirar seu antigo ser das letras que materializam minha saudade fantasiosa, nunca o tirarei dos meus pensamentos inconscientes e abstratos.

Decidi cometer um assassinato bibliográfico de uma efêmera versão humana, onde a sentença cabe ao tempo ser declarada.

Lamento que o elogio fúnebre não exista, mas espero que tenha sido suficiente o decreto daquela que tanto o amou.

Giovana MTV
Enviado por Giovana MTV em 08/04/2020
Código do texto: T6910970
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