Colóquio - Parte ll
- Então era isso… Você precisava de um tempo seu? Era só falar comigo! Tudo se resolvia. Você está sendo radical!
- Era só falar comigo mesma! Não sou uma extensão de você. Voltei a sentir meu coração. Seguir as intuições daquela que me habita. Precisava abraçar a leveza de ser tantas quanto quiser, como e quando desejar. Sou um emaranhado de emoções infindas! Havia me esquecido… Quantas de mim ainda posso resgatar? Estou à beira de primaverar. Isso é lindo e único!
- Hein?!? Você não é objetiva na fala! Não se faz entender...
- Voltou a buscar culpadas! Há apenas um fato: sua dificuldade em me olhar, ler, interpretar. Precisa de coisas prontas. Digo sem julgamentos. Digo sem receber para mim suas acusações. Conheço-me! Sei me fazer entender. Acolhi suas verdades tantas vezes, esperando uma salvação para seus desolhares… E você as tomou por absolutas. Estou em harmonia comigo e em paz contigo. Descalça… Desnuda… Plena em mim, eu acho.
- Um monte de subjetividades para mostrar seu desdém! Bem se diz que vocês não têm coração! Estou um caco e você… Desfilando felicidade em tapete vermelho. Puta merda!
- Olha! O outono remove as folhas… Aceita! A sequidão enaltece a força. Nada é para mim novidade. Sou feita de ciclos, e você… Tão feito em privilégios, não pode ver! Meu coração também sangra! Mistura de coisas tantas! Esse tapete vermelho é para mim, um lugar ao sol. Isso…