Prefácio

Para livro do escritor Edson Mendes - 2
 
     O homem pode fugir dele mesmo, nunca do chão onde nasceu. Preso por fios invisíveis se debate, se confronta, descobre a fé e a palavra, pranchas para surfar a terra árida e encontrar a razão da sobrevivência. O autor, Edson Mendes é um desses missionários.
     Sem digressões, já no primeiro poema deixa que um facho de luz escape através de um sulco na rocha e nos aponte um diamante. O tempo da narrativa começa, mas não tem fim. Assim, é o sol do Raso da Catarina, sem meio, sem fim.
     Mais adiante uma pérola que devia vir do mar, talvez do rio, mas vem do tempo. Que é então o futuro, senão um longo presente? Denuncia a perenidade do sofrimento, a desmedida do sonho que embala, acalma e explica enigma e razão.
            Aqui o poeta se associa ao filósofo Nietzsche. A arte como única força superior contraposta a toda vontade de negação da vida. Quando investigamos os versos: A arte é o impasse, o salto no precipício, talvez não seja o início, e nem o fim, mas receio que o fim é o meio. A alegoria certifica a arte como armadura. A comunhão que vem nos versos:  aqui tudo se reparte; o boi, o pão, o destino, a criação e o trabalho; garante a sobrevivência.
     Prezado leitor, termino a ronda e lhe entrego as rédeas da montaria. Cuide bem dela porque dos apetrechos do homem, o cavalo é o mais forte. Prepare as ferramentas, vista roupas adequadas para descer às grutas. Cada poema é uma mina de símiles, metáforas, alegorias. Não deixe para trás as esmeraldas, os rubis, os veios de ouro. Traga-os na memória, guarde-os no coração.
Ed Arruda