O principezinho

Uma das cenas mais belas em O pequeno Príncipe também dilacera o coração... o aviador procurava um poço em meio ao deserto na companhia de seu pequeno amigo. Mas a essa altura, o aviador não compreendia por que caminhava, acreditando tão somente que buscava água para não morrer de sede. O Pequeno Príncipe tinha uma visão diferente. Depois das coisas que tinha aprendido com a sua raposa, ele procurava o canto de uma roldana ao deslizar a corda para dentro do poço. E sorver a água melodiosa por causa da emoção invisível que manifestava no canto do poço.

Durante a caminhada até o poço, eles conversavam sobre as coisas invisíveis, sobre o valor que acrescentavam às coisas visíveis. A noite banhava o mundo, as estrelas se empoleiravam no infinito céu, o aviador carregava aquele pequeno príncipe nos braços tão logo ele adormecesse. Contudo, a beleza daquelas coisas não se via... era invisíveis aos olhos. Foi apenas ao carregar o pequeno corpo daquele principezinho que o aviador se deu conta da profundidade daqueles ensinamentos.

E depois disto, quando o aviador compreendeu que amava o Pequeno Príncipe, a proximidade de perdê-lo o deixou tão triste quem nem pudera mais lhe responder. A voz estava embargada pelo luto, o coração se apertava a cada frase pronunciada pelo principezinho, as lágrimas rompiam a fina película dos olhos... não poderia lhe impedir. Porém o Principezinho lhe deu de presente o riso das estrelas, prometendo que estaria rindo entre elas... as coisas belas serão sempre acompanhadas de coisas tristes, os encontros de partidas. No meio do deserto existe um poço que canta... há alguém que carrega um Pequeno Príncipe nos braços e que teme sua partida. Não esqueçam de escrever a ele quando descobrirem que se encontraram com o Pequeno Príncipe em seus desertos... ele nem sempre aparece com os mesmos traços, mas pode-se conhecê-lo pela sua profunda sabedoria e sua capacidade de cativar...