AUSÊNCIA

Li certa vez que a saudade nada mais é que a presença da ausência.

Achei interessante esta definição, entretanto acreditei por longo tempo que isto fosse coisa de poetas, de gente que muitas vezes fazem do vazio quase eterno, da dor extrema um mote para a construção de seus versos poéticos.

Entretanto, naquele momento, ali naquela mesa posta para o café da manhã, percebi com uma clareza avassaladora que as palavras que havia lido anos antes eram de uma crueza impagável.

Fechei os olhos por alguns instantes, estendi os braços por sobre a mesa com as mãos espalmadas e esperei que ela as tocasse como sempre fazia num momento daqueles.

Sabia que quando eu abrisse os olhos, ali ela estariai, sorridente e impecavelmente bela com sempre estivera.

Esperei...

E continuo esperando até hoje pela sua presença; presença que me nutriria e me impediria de morrer vagarosamente a cada dia.

De repente um ruído vindo da porta de entrada da casa me devolveu à realidade.

E eu estava de volta ao mundo do qual por alguns instantes estivera distante, mergulhado num mar de minúsculas, mas indeléveis lembranças.

Era ela que voltava??!!

Esperei que a porta fosse aberta e Elizabete entrasse casa adentro.

Mas ainda estou esperando que isto aconteça...