Oásis da solidão
Um oásis de sentimento fervilha as minhas paixões, e nem uma gota de orvalho cai sobre o meu deserto. Um deserto repleto de acácia espinhosa, coroa-de-cristo, rosa e mandacaru; são lindos e desejáveis, mas em um dado momento te traem com seus espinhos pontiagudos, e como punhal afiado perfuram o seu tolo coração. Com as vendas de areia nos olhos, a tua mente é embebida pela miragem da paixão; um santuário de contemplação, onde tudo é belo. Essa vontade de dar certo cria cenários raros e horizontes pitorescos; uma ilusão de óptica, e feito inseto desnorteado pela luz, voa direto para a armadilha. Uma vez perdido pela paixão, a solidão é seu mapa astral. Até você perceber que está sozinho nessa tempestade de fingimento, uma duna de lágrimas já inundou sua alegria. Sinto-me uma bolha de ar na superfície, a qualquer momento posso estourar ou sufocar com as partículas invisíveis da ingratidão. Contudo, sigo a minha peregrinação desértica sem um ponto de apoio, e minha pele não tem uma camada impermeável contra o vento da dor; a ventania do desespero uma hora passa; e quando passar, é hora de usar a ampulheta da esperança.