Contando passos
Acho que perdi o trem da história
parada na janela esperando
um dia que não chega
um príncipe que ainda não nasceu.
Por onde andam meus pensamentos,
minhas palavras soltas da língua?
onde mora a mulher, ou o anjo de mim,
se nem me livro da santa nem encarno
a diaba nessa briga de sol e lua?
Quantas de mim existem nessa capa
que visto? Ou quantas guardo nessa
cara lavada?
Sei que estás em algum canto, e que me espreitas os risos e as lágrimas grossas,
mas me guardas no acaso como uma lembrança ou uma fuga.
Mas não quero o espaço fútil
nem o dia útil; quero a insensatez sem
hora, sem pergunta, quero o anjo tanto quanto quero o bandido,
o menino pra acarinhar e o homem pra me
proteger.
Sentada contando os dias perdi o baile,
não dá mais pra ser Cinderela, só a borralheira que se enfeita pra
esperar dias de sol, ou sonhar as luas que não consegue alcançar.
Vai ao mar a minha embarcação,
afastando-se sem que eu a perca de vista...sem que eu possa acompanhá-la...ou detê-la...