Contando passos

Acho que perdi o trem da história

parada na janela esperando

um dia que não chega

um príncipe que ainda não nasceu.

Por onde andam meus pensamentos,

minhas palavras soltas da língua?

onde mora a mulher, ou o anjo de mim,

se nem me livro da santa nem encarno

a diaba nessa briga de sol e lua?

Quantas de mim existem nessa capa

que visto? Ou quantas guardo nessa

cara lavada?

Sei que estás em algum canto, e que me espreitas os risos e as lágrimas grossas,

mas me guardas no acaso como uma lembrança ou uma fuga.

Mas não quero o espaço fútil

nem o dia útil; quero a insensatez sem

hora, sem pergunta, quero o anjo tanto quanto quero o bandido,

o menino pra acarinhar e o homem pra me

proteger.

Sentada contando os dias perdi o baile,

não dá mais pra ser Cinderela, só a borralheira que se enfeita pra

esperar dias de sol, ou sonhar as luas que não consegue alcançar.

Vai ao mar a minha embarcação,

afastando-se sem que eu a perca de vista...sem que eu possa acompanhá-la...ou detê-la...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 08/11/2005
Código do texto: T68981
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