Outras formas de abraçar - Recomeço na quarentena

Outras formas de abraçar – recomeço na quarentena

Não estava no script deste ano, de que o ano também não iniciaria em março (pós carnaval). Ou melhor iniciou - propenso para efetivar vários planos, entretanto, houve necessidade de uma pausa.

Confesso-lhes um estranhamento geral. Ruas vazias, mas não estão vazias ás casas. Estão recheadas de encontros, de observações, do plissar perto dos olhos, nos olhos do outro. Do riso largo que abraça e acalenta como nunca. Do afeto dedilhado nas palavras ao vivo e a cores e, como, são vibrantes estas cores.

A quarentena nada mais é do que um “vírus” propicio para repensarmos as relações, dar um reset no jogo da vida automático. Dar um star e retomar os bons e velhos hábitos das conversar presenciais em família, entre parceiros, onde os desencontros da vida agitada ofuscou o brilho.

A quanto tempo não se viam almoços em família em dias de semana. Até parece que romantizamos a vida novamente mesmo que a custo alto do caos. E, com o “perigo” rondando o planeta via-se a possibilidade de perdas irreversíveis dentre as pessoas que amamos. Ah! E, como é apavorante imaginar não tê-los nunca mais.

Ouvir a voz do outro por áudios, tornou-se remédio que acalma. Usa-se mecanismos de defesas infinitos: negação, bajulação, revolta, aceitação, e muita fé de que tudo passará, e nós, como passarinhos em gaiolas – sairemos livres e libertos, mais saudáveis com o nunca para amar.

Descobrimos neste tempo precioso – outras maneiras de abraçar”
O riso ganhou força, aliança preciosa entre os pares. Descortinamos mares, ainda que sem se tocar. Aprendemos higienizar até a alma, com o simples e sem apertos de mãos.

O Coronavírus num conceito poético: elemento propicio para des_coroar as relações. E, nos colocar nivelados, equiparados num mesmo propósito. Amar o outro, amar-se e no ato de cuidar-se, cuida-se do outro! É, tem amor mais bonito do que esse?


Águida Hettwer
26/03/2020