Por uma nova maneira de existir

Que se funde, então, o amanhã de amanhã. Que o dia anunciado, ainda que espere 100 anos, cumpra-se, como um edito real, e se faça nova ordem. Que dessa nova, e talvez tardia, realidade, o homem, o novo homem, não se dissipe em sua vaidade. Que assim seja, como num novo evangelho, o homem possa caminhar sobre a terra e dela ser senhor junto a outros iguais, em tudo, a si. Que nada se eleve mais acima que o próprio homem, porque é dele que tudo nasce e perece, ele é responsável por sua existência. Calou-se depois de tais palavras. Tomou o último gole de café, pegou o chapéu e saiu noite a fora. No dia seguinte viram-no sobre um banco de praça, coberto com papelão; era mais um, dentre milhares, filhos da pátria desfigurada por séculos de abandono.