De mãos dadas com a vida
A manhã pestaneja raios de sol e aperta brisas por entre folhagens.
Tal qual tecelã, enovela pétalas caídas e deixa tapetes espalhados pelos caminhos. Saio por aí, apenas para andar de mãos dadas com a vida.
As avenidas, em bocejos ainda, cumprimentam orvalhos que se desprendem de plantas e placas; E se despedaçam no chão, em figuras úmidas, para depois se consumirem sem deixarem vestígios.
Retornam para onde não se sabe, porque a vida é mesmo assim: indefinida. É justamente esse desprender-se das alturas, ganhar forma e depois em metamorfose constante, esse consumir-se sob tantas luzes ou escuros no mesmo cenário, a cada dia. É como quintal carpido para ser coalhado de ilusões. Mas viver é preciso e urgente. É dádiva divina, que no livre arbítrio sustenta-se no balanço das escolhas e das consequências.
Das janelas, as pessoas tentam desabrochar, na espera do fertilizante perfeito. Nas margens de mim, sou rio descendo curvas sinuosas de sentimentos despertos. O dia se projeta para além de nós, porque os capítulos de toda história, se fazem sob o desenrolar de cada acontecimento. E todo concreto da vida, se dá no abstrato das emoções intensas.O que de fato nos seduz, seja positivo ou não, nos leva a condição de sermos e sentirmos também igual.