Parar

Simplesmente parar. Não sair. Fazer a compra semanal, colocar o básico para a alimentação, a higiene, fechar a porta de casa, e não sair. Tão somente isto.

Parar que a paranoia que invadiu a mente, o medo do corona, de pegar o corona, seja administrável.

A arma é parar, limpar o corpo, tomar banho, lavar as mãos, desenfesta-las, a sola do sapato quando entrar em casa, manter distância metro e meio um do outro, obrigatoriamente das pessoas mais vulneráveis a contagiarem-se. É simples!

Mas estávamos vindo freneticamente, correndo, correndo, buscando o ter, o ser, o conhecer, o realizar...desaprendemos de parar! Parar!!! Ouvir o próprio suspiro, o passarinho cantar, o gato miar, o som do machado na mão do vizinho cortando lenha, do carro passando, do nada. Não fazer nada.

Não teve, como neste agora, da geração que cria filhos, a propiciar aos mesmos a oportunidade da vivência do ouvir do silêncio. Cantar com a família, inventar histórias para os pequenos, brincar com eles.

Sobretudo, viabilizar às crianças a oportunidade de ter a experiência de estar com os seus, e mesmo brincando, fazendo as estripulias, terão uma hora do dia que viverão o silêncio, do não ter nada a fazer, a não ser ficar com a família, vendo-os, comungando com a presença um do outro, somente isto.

Vivemos, depois de muito tempo, a sensação de que a Terra pede que somente ela gire, e nós fiquemos parados, aguardando o assentar da poeira do vírus.

Sentar, parar, será a prece!

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 20/03/2020
Código do texto: T6892559
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.