MARACATU
Os pés que pisoteiam por cá não são os pés de outrora.
As lágrimas se misturam ao pó do canavial, da estrada.
A cana vira garapa. Vira sangue na lavoura, suor na avenida.
Os passos miúdos, uma plangente toada,
ecoa
Maracas e tambores percutem.
Do céu a terra é vista, desfeita, cor de ferrugem,
Desbotando a vastidão árida.
De quem é aquela voz?
Os deuses estremecem com o ruflar e a reconhece.
Cordel do fogo encantado,
Das chamas que proclamam a liberdade, da vida.
A fala da razão se faz incoerente.
Somos todos loucos.
Não soa nossa voz inteligível aos ouvidos dos intelectuais.
As pernas ensaiam os sagrados rituais.