MEDO URBANO...! MAS, AFINAL... É REAL?
"Nos perigos grandes, o temor é muitas vezes
maior que o perigo"
(Luís Vaz de Camões)
Os medos ... do mundo!
Mas, afinal... de quê?
E... são reais... ou seriam, quem sabe, apenas fictícios?
(Dos mil fantasmas que, desde o berço, o tempo nos ensina a temer!)
Tenebrosa e inquieta urbanidade!
Dos que nest'hora tropeçam uns aos outros... sem rumo
Concreto Samsara?
Ai! Quanta saudade do Nirvana... dos infantes tempos!
E, seus pés a s'embaraçarem nas ruas e avenidas da cidade
Dos milhares que agora como estão ali a correr...!
Todavia, sem saber... par'aonde
E, destarte, nada percorrem... e para lugar algum chegam
E, portanto, vede aquela neurótica e torpe multidão:
Desesperada... histérica... atormentada... apavorada...
E cada um com sua calça... molhada!
Como num presídio a incendiar-se...!
E seus detentos a pisarem uns sobre os outros
A que trancafiados s'encontram em suas jaulas lotadas
Que inferno!
Dos que saem de suas casas... ao compasso de seus turvos passos
A cambalearem por suas vistas que nada distinguem...
E por suas almas a que obnubiladas eis qu'estão...
E, igualmente, ei-las como a s'escutar em todos os cantos:
"Salve-se quem puder!"
Mas... quem poderá se salvar?
"Até o profeta e o sacerdote perambulam sem rumo pela terra"
(Jeremias 14:18)
Oh! Extinta paz dos tempos d'outrora!
Quem a roubou de nós?... Quem a nos tirou?
Ou, quem, em verdade, a matou?
E, deste modo... todos correm... e se atropelam
E, por isso... não avançam...!
Mas, afinal, correm de quê?
E por que querem fugir?
Ah! Decerto que neste momento a Vida de nós ri
E todos os anjos do Inferno, certamente, gargalheiam
[e se aprazem de nosso nefasto infortúnio
Do desespero que a todos nest'hora se apodera... (e como nos domina!)
Ao contemplar esta triste humana massa
Dos que "morrem de medo"... de morrer!
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18 de março de 2020