Carta ao filho.

Filho.

O tempo é o algoz mais cruel que encontrará na vida!

Ele te fará, sentar na cadeira da incerteza, amarrará você com as correntes do passado, de forma tão apertada, que nunca se desvencilhará.

Interrogará você com perguntas sádicas, como: Quem é você? O que você esta fazendo ali? Qual o seu objetivo? Vale a pena?

Quando você falar - Não sei! Ele vai machucar o seu rosto com açoites de realidade, até que seu rosto fique marcado, com cicatrizes que transbordem experiência e ceticismo.

Naquele pequeno espaço de confinamento chamado vida, frio, vazio, curto e apenas com uma janela pequena, irradiando raios quentes do amanhã, ira pensar: - o amanhã parece tão bonito! Lá tudo passará é eu esperar!

Não fique chocado com que te falo, o tempo é o policial bom, por trás dele há a morte, ela te ameça quase constantemente, ela promete te tirar daquele local,mas é o terror daquelas promessas, te causa uma angustia quase insana, pois você não sabe o que há fora dele, será liberdade, prisão, sofrimento ou nada.

Tenha calma, não chore, não sofra ainda saber disso, te trás grande agonia, eu sei! Mas, tem lado bom a visitas que veem que ficam muito, pouco, se vão repentinamente ou tarde mais, elas valem a pena!

Afinal, todos também estão presos, não existem inocentes, nosso crime é tão antigo como o próprio tempo e a morte cumprirá sua promessa conosco e iremos, chegamos aqui sós mas não iremos sós cada visita no nosso pequeno e curto espaço preenche aquele vazio que lhe falei e nos acompanhará até para o nada.

Paulo Alcides
Enviado por Paulo Alcides em 15/03/2020
Reeditado em 15/03/2020
Código do texto: T6888649
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