SAUDADE
[Para Betinha]
Francisco de Paula Melo Aguiar
Ah! Um, dois ... anos.
Que deixemos de conviver...
De falar...
De viver...
De estudar...
De sorrir...
De chorar...
De almoçar...
De dormir...
De acordar...
De namorar...
De concordar...
De discordar...
De planejar o trabalho diário...
De sonhar acordado...
De compartilhar a vida...
De ver o sol nascer a cada dia...
Enquanto aguardávamos à noite.
De sonhar que tudo é possível...
Ah! O sonho não acabou...
Ainda existe amizade...
Saudade incondicional...
Que o tempo não apaga.
No reencontro certo ...
Da ressurreição do corpo e do espírito ...
Faremos sem sombra de dúvidas.
As pazes vivenciais de novo.
Ah! Um dia mais...
Um dia menos...
Isso não importa...
Que o tempo passe...
Sim! Mas a saudade permanece.
E assim, um há de reencontrar o outro.
Onde não haverá choro e nem dor...
Um dia inevitavelmente...
Nos afastemos ...
Sem querer e sem ter escolha...
Porém, a saudade de verdade.
De tudo que fomos em vida...
Uma espécie de árvore...
De folhas secas, caídas...
Estrume fermentado da terra...
A saudade sempre nos reaproximará.
Ninguém morre na vida ...
De quem o ama e é amado(a).
A vida vive de ilusão e de imperfeição.
Ah! Existe a possibilidade de um dia...
Não mais existamos ...
Isso é fato e não boato.
Porém, ainda tem sobra de amizade...
De lealdade matrimonial...
De ética pessoal e profissional.
Que se transforma em saudade.
E aí nasceremos assim de novo...
Um para o outro com força nunca igual.
Maior do que nossas próprias forças.
Ninguém morre em nossos corações.
Apenas um partiu primeiro do que o outro.
Ah! Existe a hipótese que um dia...
Tudo acabe...
Mas, com a saudade reconstruiremos
Tudo novamente ...
E cada vez de forma diferente...
E tudo recomece de novo...
A ideologia da ressurreição bíblica...
É real diante da visão de quem acredita.
Cada ser é único e inesquecível em cada momento.
Juntos viveremos o ontem, o hoje e o depois
E nos lembraremos um do outro para sempre.