Cacosoneto
Mondei toda a minha graça
Despedi-me de meu orgulho
Fiz bem em guardar minha vaidade
Mas onde a deixei?
Aderiu ao espelho certa monstruosidade
O rosto, que parecia irreconhecível,
Hoje desvela toda uma familiaridade
Aliás, mui certa familiaridade
Sonhei noutro dia, que, dormido, me perdoavam,
E meu coração saltava em suas leves gramas
Mas acontecia que eu despertava
E tudo pesava um inteira tonelada,
Eu mergulhava na roupa de cama
Algo que não me conseguia fazer surpreender
E logo eu ria da acre fantasia
Mas não passava disto, uma fantasia
Não tenho tanto humor para me perguntar
E sentir crer que não pago pelos pecados
Fazendo imagens de me enganar
Ter-me piedade comigo
Quem sabe meu ódio próprio abolido?
Assim, mói-me tudo a modo latejante e devagar
Por fim, de cor, prometo: eu regresso ao sono!
De cor, quem sabe me convença, regresso ao sono!