Óbolo
Miúdos mosquitos desfazem meu túmulo
Em paz, aqui, por eras, não mais durmo
Meus ruídos funestos distraem pequenas formigas
Que dão passagem aos escombros de minhas ruínas
São então pedras de ínfimos pecados,
Rolando aos limites dos olhos desvairados,
A enfeitar todo canto daquele lupanário,
Onde já não chove, o Sol nem queima o cenário
Poder-se-ia crer que se guardava cá um lago
Abrira o ventre em um rio, correndo a todo lado
Ou nunca existiu e então é tão falso
Quanto falso é o sono de seu prócer ruço
Mas se prometeriam de meu sonho
Que o habito nos círculos mais fundos
Mas é demais pesada a vigília que contraponho
E que não a abro sob nenhum qualquer intuito
Ora, expio os males da alma cominada
Que estão dados em filas ao meu fronho
E creio que, além do nada,
Não me restem as moedas ao barqueiro