Óbolo

Miúdos mosquitos desfazem meu túmulo

Em paz, aqui, por eras, não mais durmo

Meus ruídos funestos distraem pequenas formigas

Que dão passagem aos escombros de minhas ruínas

São então pedras de ínfimos pecados,

Rolando aos limites dos olhos desvairados,

A enfeitar todo canto daquele lupanário,

Onde já não chove, o Sol nem queima o cenário

Poder-se-ia crer que se guardava cá um lago

Abrira o ventre em um rio, correndo a todo lado

Ou nunca existiu e então é tão falso

Quanto falso é o sono de seu prócer ruço

Mas se prometeriam de meu sonho

Que o habito nos círculos mais fundos

Mas é demais pesada a vigília que contraponho

E que não a abro sob nenhum qualquer intuito

Ora, expio os males da alma cominada

Que estão dados em filas ao meu fronho

E creio que, além do nada,

Não me restem as moedas ao barqueiro

H Reis
Enviado por H Reis em 09/03/2020
Reeditado em 17/10/2021
Código do texto: T6883745
Classificação de conteúdo: seguro