Quarto
Não vou deixar tudo jogado
Nem ficarão meus pedaços em minhas mãos
Não vou deixar tudo guardado
Não há espaço neste quarto pro meu coração
Não irá sem mim este verão
Mesmo que eu me desnude e então me iluda
Mesmo assim serei de novo
Não restando muito pelo que me chamem
Vestirei uma carne que será de outro
Nem que de mim duvidem
Tanto que eu seja o único que me engane
Tanto que eu seja uma âncora do infame
Não saberão meu nome e isto será de se orgulhar
Nem me darão mais os olhos, senão os de vulgar
Vai esvair assim a lembrança que for minha
E não estarei pelos cantos ao final do dia
Vai embora desta vez a alegria
Mas retorna logo de saudades da minha companhia