Templo
As placas indicam lugar algum
Cada via destas leva aonde forem os pés
Cá, entretanto, se dá meu templo
Fogo, armas e mel foram seus salões
Outrora era o senhor de seu tempo
Habitado por gnomos e bufões
Agora, seus corredores, então concirculares,
Desviam a toda parte, perdendo-se os pares
Suas alas mais familiares, seus arcos nobres,
A mobiliaria encoberta de lençóis imóveis
Poderia submergir, enfim, — quem perceberia
Lançado ao sal do mar, talvez, descongelaria
E alma alguma notaria, alçado, sem qualquer nostalgia,
Que, se o lembrassem, somente o profano retorquiria
É provável que vá embora o silêncio um dia
Que fique chateado deste estado todo
Mas ora fica de companhia o solaço entoado
Nos ecos das câmaras e em desbotada covardia