Templo

As placas indicam lugar algum

Cada via destas leva aonde forem os pés

Cá, entretanto, se dá meu templo

Fogo, armas e mel foram seus salões

Outrora era o senhor de seu tempo

Habitado por gnomos e bufões

Agora, seus corredores, então concirculares,

Desviam a toda parte, perdendo-se os pares

Suas alas mais familiares, seus arcos nobres,

A mobiliaria encoberta de lençóis imóveis

Poderia submergir, enfim, — quem perceberia

Lançado ao sal do mar, talvez, descongelaria

E alma alguma notaria, alçado, sem qualquer nostalgia,

Que, se o lembrassem, somente o profano retorquiria

É provável que vá embora o silêncio um dia

Que fique chateado deste estado todo

Mas ora fica de companhia o solaço entoado

Nos ecos das câmaras e em desbotada covardia

H Reis
Enviado por H Reis em 24/02/2020
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