Anjo Alforria

Todos os dias o chicote vinha e o lambia;

estalos e estalos, era aquilo que ouvia.

Doía-me!

Contaram-lhe sobre um tal Santo dia;

mas não...

Como podeira crer se toda sua vida o ardia!

Tão cedo, o coro da chibata amara seu lombo;

carne exposta às moscas, filetes em sangue;

Acreditem, há dores que jamais se estancam.

Eram assim que o seu trabalho mais que rendia.

Noites pequenas para um corpo moído;

carne abatida, alma triste, sofrida!

A desilusão fazia guarita no seu coração.

Não havia porto, direção; duvidará da vida.

Pobre ser sofrido atirado aos escombros!

Vamos, levanta-te!

Pois, hoje é o teu Santo dia.

Não posso, não tenho forças.

Desejo apenas uma forca,uma forca.

Vós,

vejo que sois misericordiosa,

daí-me uma!

Não!

Nada disso; peço que te levantes.

Sorria! Deixa este corpo cansado;

não vês!

O teu fardo já esta morto.

Escuta-me, sempre estive ao seu lado.

Sou teu anjo, uma humilde poesia.

Liberta-te!

O céu é te agora Alforria.

Autor: ChicosBandRabiscando

ChicosBandRabiscando
Enviado por ChicosBandRabiscando em 23/02/2020
Reeditado em 23/02/2020
Código do texto: T6872382
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