Anjo Alforria
Todos os dias o chicote vinha e o lambia;
estalos e estalos, era aquilo que ouvia.
Doía-me!
Contaram-lhe sobre um tal Santo dia;
mas não...
Como podeira crer se toda sua vida o ardia!
Tão cedo, o coro da chibata amara seu lombo;
carne exposta às moscas, filetes em sangue;
Acreditem, há dores que jamais se estancam.
Eram assim que o seu trabalho mais que rendia.
Noites pequenas para um corpo moído;
carne abatida, alma triste, sofrida!
A desilusão fazia guarita no seu coração.
Não havia porto, direção; duvidará da vida.
Pobre ser sofrido atirado aos escombros!
Vamos, levanta-te!
Pois, hoje é o teu Santo dia.
Não posso, não tenho forças.
Desejo apenas uma forca,uma forca.
Vós,
vejo que sois misericordiosa,
daí-me uma!
Não!
Nada disso; peço que te levantes.
Sorria! Deixa este corpo cansado;
não vês!
O teu fardo já esta morto.
Escuta-me, sempre estive ao seu lado.
Sou teu anjo, uma humilde poesia.
Liberta-te!
O céu é te agora Alforria.
Autor: ChicosBandRabiscando