Hoje tem
Eu vi uma mulher andando na rua. Era uma desconhecida. Trazia uma sacola de compras. Ignorava que o funcionário do mercado havia levado uma bronca. Algum produto enlatado. Encaixotado em lugar errado. Uma criança chorou pedindo doce. A mãe negou. A moça do caixa bocejou. A fila andou. Um dia comum em um estabelecimento comercial. Todos juntos. Ninguém se olha e está tudo certo. Em casa satisfeitos observam seus produtos. E o cidadão de bem pode desfrutar o conforto do seu lar. Um dia normal. Não para o cidadão de rua que hoje teve sorte, conseguiu as moedas e vai poder comprar sua cachaça, o amortecedor da alma que sangra sem alento e sem compaixão.