Transcendental (for Cadmo)

Outro dia conheci um sujeito, desses que encontramos uma vez a cada vida, se tivermos bastante sorte.

Ele era incomum, com a beleza de um querubim, cândido como uma criança, ameno como a alvorada, profundo como às muitas águas, intenso e suave como um CHÂTEAU D'YQUEM de 81.

Com esse sujeito tive conversações que creio não ter mais o gozo de dividir com outrem.

Ele desnudara à alma sem tocar-me.

Quando nos encontrávamos, é como se fôssemos a rotação da terra, as legiões de estrelas se confundiam com o brilho dos olhos dele, parecíamos sujeitos fugindo do presente século.

Eu amei-o, conjurei-o para que ficasse, disse-me que não era daqui, num ósculo sagrado e cálido beijou-me na fronte.

E foi-se.

Nas asas de um pássaro.

Nunca esquecerei-me deste sujeito

Se era anjo ou humano

Real ou imaginário

Ele ficara em mim, intrinsicamente, envolto às minhas entranhas.

Ele foi-se

Mas ficou

Pessoa Machado
Enviado por Pessoa Machado em 14/02/2020
Reeditado em 14/02/2020
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