Transcendental (for Cadmo)
Outro dia conheci um sujeito, desses que encontramos uma vez a cada vida, se tivermos bastante sorte.
Ele era incomum, com a beleza de um querubim, cândido como uma criança, ameno como a alvorada, profundo como às muitas águas, intenso e suave como um CHÂTEAU D'YQUEM de 81.
Com esse sujeito tive conversações que creio não ter mais o gozo de dividir com outrem.
Ele desnudara à alma sem tocar-me.
Quando nos encontrávamos, é como se fôssemos a rotação da terra, as legiões de estrelas se confundiam com o brilho dos olhos dele, parecíamos sujeitos fugindo do presente século.
Eu amei-o, conjurei-o para que ficasse, disse-me que não era daqui, num ósculo sagrado e cálido beijou-me na fronte.
E foi-se.
Nas asas de um pássaro.
Nunca esquecerei-me deste sujeito
Se era anjo ou humano
Real ou imaginário
Ele ficara em mim, intrinsicamente, envolto às minhas entranhas.
Ele foi-se
Mas ficou