NOVA EMBALAGEM

Narciso embriagou-se vendo nas águas refletida a sua imagem,

Levando consigo, todas as ilusões transportadas na bagagem,

Não percebeu que tudo não passava somente de uma miragem.

Doce infância de que pouco recordamos no fim da vida,

Onde o espelho ocupava pouco espaço entre os bonecos,

Pois nessa etapa a vaidade ainda não se encontrava inserida,

O dono dos bonecos, não se incomodava com valores estéticos.

Na adolescência e na fase adulta, o espelho domina os espaços,

Os detalhes são minuciosamente observados, com todo cuidado,

Sem o menor descuido para evitar todos e quaisquer embaraços,

A vaidade impera soberana, poderosa, no comando determinado.

Narciso deve procurar dentro de si no eu, a razão da sua viagem.->

Mas chega a velhice, o tempo passa, ele de ninguém se esquece,

As reflexões avançaram indicando onde se encontram os valores,

O conhecimento ocupa todos os espaços e a vaidade desvanece,

Retrocede a atenção com o exterior, avançam os dons interiores.

Aumenta o isolamento e a solidão produzidos pela individualidade,

No contexto, não prevalece a vontade pessoal de compartilhar,

Pois a compreensão para alcançar toda a sua profundidade,

Depende somente dos que têm a coragem de mergulhar.

Narciso deve olhar para dentro de si mesmo e com toda a coragem,

Encarar a realidade reunir suas forças mudar o rumo da carruagem,

Então ele contemplará o seu semblante, com uma nova embalagem.

Edgar Alexandroni
Enviado por Edgar Alexandroni em 14/02/2020
Código do texto: T6865838
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