NO ESPELHO UMA AMOSTRA DO LOTE
Pela manhã a Amostra se contempla no espelho,
Então ela avista a grande miséria da Humanidade,
E seu rosto se esquenta, enrubesce e fica vermelho,
Ao contemplar, bem estarrecida, toda essa insanidade.
Essa Amostra, procura esconder-se tão envergonhada,
Como se ela estivesse fora dessa redoma hermética,
Mas a sua consciência, vigilante e bem informada,
Não lhe permite subterfúgios, exige toda a ética.
Como Protágoras a Amostra se oculta no sofisma,
Perseguem-na todas as suas próprias contradições,
Com olhar perdido no horizonte, o pensamento cisma,
Ela pode enganar aos outros, não suas próprias aflições.
Ela volta ao espelho e lá está a Humanidade cauterizada,
Mas, muito tempo se passou na trajetória da evolução,
Entretanto, ela não conseguiu aprender quase nada,
Ela caminha toda imponente para a sua destruição.
Na sua longa jornada, com seus erros e tormentos,
Ela experimentou, os mais diversos tipos da fantasia,
Porém, jamais conseguiu incluir nos seus fundamentos,
A Pedra Angular a mais importante de todas, a Sabedoria.
E movida pela cobiça, pelo orgulho, pela inveja e pelo ódio,
A Humanidade, organizou a competição das maravilhas,
E ela mesma, imponente e majestosa subiu ao pódio,
Sem perceber que grandes prêmios são armadilhas.
A Amostra fecha os olhos abre a janela da realidade,
E observa bilhões chafurdando no lamaçal do egoísmo,
Também enganando-se uns aos outros com toda maldade,
Enquanto valores éticos e morais estão todos no ostracismo.
Vacilante, ela levanta os olhos para essa amplidão do cenário,
Ninguém mais se entende, impera a desordem e a confusão,
Os pensamentos indefinidos voam nas asas do seu ideário,
Sem compreender os motivos que impedem a evolução.
Atormentada pela profundidade do juízo cruel e incisivo,
Ela observa o complexo e restrito labirinto da sua intuição,
E contempla o incrível percurso do enorme suicídio coletivo,
Então cabisbaixa, rendendo-se às evidências, olha para o chão.
Você, eu, nós todos, somos a Amostra, o lote é a Humanidade,
Assim que atire a primeira pedra aquele que não tiver pecado,
Para que, finalmente possamos encarar a nossa realidade,
E reconhecer nossa miséria, como um fato consolidado.