Tão longe
Tão longe,
longe dos olhos a aurora
dos sonhos de outrora.
Tão perto do fim
as ilusões de um
tempo que aflora.
Tal qual o sabor
doce ácido da amora.
Sua cor violeta a escorrer
nos dentes afiados
da lâmina de faca em ponta
que corta o vento.
Vento que ressoa as lendas
que as horas fragmentam.
Um poeta recita versos
na cidade sem esquinas.
Aquela mesma que nos
viu passar distraídos,
como aquela folha que cai.
As árvores testemunham
sua própria sublimidade.
Por sob elas confabulamos planos,
de doçuras e delicadezas.
Fez sol na cidade,
os cidadãos de bem cumprem
seus compromissos apressados,
a alguns metros,
no lago,
as águas refletem
a mais pura luz amarelo alarajado.
Ao entardecer o por do sol
se veste de plenitude
E a vida se torna um solo
ameno de se viver.