Tereza conta histórias

causos, e a gente nunca sabe se fala de si ou de personagens, porque escritora reconhecida, publica livros, um atrás do outro, como se diários, livros autobiográficos de pura ficção. Mulher encantadora meio misteriosa, faz Rafael, o marido eternamente apaixonado arrancar os cabelos, rangendo os dentes. Rafael, muitas vezes a trata como se menina e lhe passa pitos, ameaçando... Se você continuar assim, vou embora da festa e a deixo aqui, e você se vira... Mas Rafael não vai embora e fica ali onde estão os dois sempre cercados de amigos. Durante o dia Tereza sai sozinha, claro, e faz sempre muitas coisas. Gosta de caminhar a pé nas ruas, e tem sempre o espanto no olhar, pois se espanta com as flores que a chuva dos ipês deixa nas calçadas, umas brancas, outras roxas, para não falar das amarelas. Outro dia vê duas moças com camisas brancas, uma loira outra negra, vendendo alguma coisa, e curiosa, Tereza lhes pergunta, Vendendo o quê? Uma delas responde, Quer ajudar os médicos sem fronteiras? E Tereza diz: Eu tenho minhas causas... e uma delas responde: Isto é um não? Tereza a olha e nada diz, lhe dando um beijo estalado na bochecha, enquanto a outra moça fala: Que linda a sua saia... E Tereza vai embora, entra num café e pede uma média, com um pedaço de bolo de aipim, e fica ali fazendo hora para ir à costureira. E quando sai de novo a rua olha o lugar onde as moças estavam, pois sumiram, haviam ido embora, sem ninguém ali poder imaginar aonde foram