O fim que vislumbrei

Sem cerimônias, o momento acontecera aos seus próprios impulsos, as consequências teciam os segundos daquela breve despedida. Estive perdido no fluxo de diálogos, eufórico no que me atordoava a reprimir as palavras as quais desejei presentear-te como as lembranças de tudo o que não sou capaz de mensurar.

Num quarto pequeno, solitário,

A noite de sua mente

Caminhara entre tempestades

E a última vez em que

Seriam vistas as estrelas

De seus pensamentos.

Mergulhei em teu céu

Para fazer parte

De sua constelação,

Queria lhe dizer que

Ao fim destes capítulos

Brilharei novamente para ti.

Uma vida abrigada no conforto de mentiras e verdades desconhecidas, fazia-me isto cair na paz de meu sono que de nada mudaria em amanhãs que escapariam eternamente de serem frutos de imperfeição. Permita-me perecer com a crença de que ainda são estes os dias de cores, melodias e poesias em que nunca o tempo me furtara os seus auges.

Ofuscada,

Cega,

Tola imagem.

A última vez sempre é a que se imortaliza na mente.

Eu sei, eu sei...

Há algo de muito errado nisso. Peças faltando, partes apagadas deste grande, distorcido esquema. Não fui eu quem criara isto, não fomos nós que concordamos com todos estes termos. Ainda acredita em mim, não é?

Eu não posso abdicar-te de mim,

Eu não posso acreditar em mim,

Eu não posso ser alguém além de mim,

Eu não posso mudar nada além de mim,

Eu não posso consertar o dano em mim,

Eu não posso mais desistir de mim.

Sei que sou o oposto do que lhe fiz crer em incontáveis fábulas de promessas. Sei que foram reviravoltas e curvas desde o princípio de nossa odisseia. Sei que há apenas uma alternativa à frente e infinitas maneiras de disfarçar a ilusão de escolha.

O crepúsculo refletiu

Minhas tonalidades

Em sinal de penosa empatia,

A tarde se apagou

Como a perfeita metáfora

Para estes versos que

Imitam nossas realidades.

Acabara num estrondo de sons, e então, silêncio. As imagens se distorceram, enevoada minha visão, e então, completa escuridão. Sua voz gritara e implorara a ser ouvida, em seu enfraquecer e desmaiar houve inércia, seu corpo jazia magro e morto, e então, mudez. Confessei enfim os segredos que não fui capaz de esconder além daqui e agora, minha pele enegreceu, meus dedos adormeceram, sangrei até a última gota, e então, veio o fim.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 08/02/2020
Código do texto: T6860974
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