Eu tenho saudade
Eu tenho saudade...Saudade daquela época que era de verdade...
Até o mertiolate era de verdade.Fazia eternizar a alegria de se viver o momento sendo livre.
Hoje em dia tudo é robotizado para se parecer "perfeito", enquanto o imperfeito cabia certinho dentro de nós, nos trazendo o sorriso e a espontaneidade da vida, de simplesmente Ser e Viver.
Até as relações humanas estão robotizadas, distantes, congeladas, apagadas. O abraço que se espera não existe mais, o bom dia é uma obrigação, as amizades são superficiais e corriqueiras.
Um post é o motivo da sua autoestima, enquanto que naquela época o que importava era a foto não mudada que registrava de fato o "seu momento", as frases ou textos se faziam em cartas belíssimas que se guardava para sempre dentro de uma caixinha ou baú das melhores memórias vivenciadas.
E hoje? O que vivemos hoje é uma porção de Egos gritantes que querem mostrar ou provar para o mundo que são "perfeitos e felizes" em uma sociedade hipócrita carente de afeto, verdade, solidariedade, empatia e principalmente amor. Se idealizam com a vida perfeita, enquanto que antigamente o perfeito era Ser, Viver, Gritar, Correr, Cantar um samba ou pagode numa roda divertida, ou aquele karaokê que nos fazia sentir dor na barriga de tanto rir. Antigamente o que era eterno ficava guardado no coração sem mi mi mi mis. O adeus trazia a saudade misturada com a esperança de um reencontro. O até logo ou tchau trazia a ansiedade de se ver logo em breve, o mais breve possível.
É... Eu tenho saudade, e que saudade.. saudade do café com leite e com açúcar!! Do pão com ovo e daquele mexidão com a sobra do almoço. Tenho saudade do bolo de fubá com cafezinho feito no bule, nada de refil Melitta! Eu tenho saudade do pão de queijo com queijo de verdade, não essa enganação que se vende hoje na padaria. Eu tenho saudade dos filmes nos canais abertos, dos desenhos sem som, do pica pau rindo a toa, ou da Magali comendo tanto... Eu tenho saudade do imperfeito, do pé descalço, da roupa suja, do pé de jabuticaba ou do de manga, e até da goiaba cheia de bichinhos.
Tenho saudade de uma época em que Viver era sinônimo de Ser, de Ser o que quiser, de falar o que sente e pensa, de respeitar o espaço do outro, mas de defender com unhas e dentes a sua verdade. Tenho saudade.... E como tenho de quando a distância se fazia ausente, quando o abraço era quente e o beijo eternizava os melhores momentos. Eu tenho saudade das chineladas, das broncas e das conversas que eu não entendia nada, mas que eram de Verdade.