O PARADOXO POÉTICO DE FERNANDO PESSOA OU O PARADÓXICO POETA
Eu, brasileiro, herdeiro literário dessa rica e vasta tradição poética, a convite de um amigo para algo escrever sobre algum ilustre filho da literatura lusitana. Escolhi Fernando Pessoa, esse “poeta-muitos”, muitos são os Fernandos, cada um , um universo oceânico de letras e sentido. Eu, filósofo de formação, logo fui visitado pela pergunta: “que é o poeta? E o que é o paradoxo?”.
“Sem dúvida outorgaremos a todos aqueles que, sendo amigos dos poetas sem praticarem a poesia, constituem-se patronos dos mesmos, o direito de pronunciar em prosa um discurso em favor em favor da poesia... o discurso, nós o ouviremos com benevolência, pois será incontestavelmente um bem para nós mostrar que a poesia é, não somente agradável mas ainda útil” (PLATÃO)
A poesia de Fernando Pessoa, como ele mesmo dizia, “só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha (alma) a lenha desse fogo”. Alguém disse que F. Pessoa viveu sua poesia entre o orgulho e a agonía e sabia e não sabia como um herói grego do tamanho do seu destino. “Mas em sua vida, como em sua obra, só a agitação de fora, a solicitação fátua e logo aborrecida do momento, a revolta contra a vacuidade inutilidade”. O poeta e sua poesia é mergulho no drama humano e nos convida a todos a um mergulho no mistério de existir.Em o “GUARDADOR DE REBANHOS”, tem dentre tantos versos uns que me chamam atenção para o paradoxo do poeta:
“Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É minha maneira de estar sozinho”
O paradoxo de F. Pessoa é o “EU” que quer ser muitos, e deseja retornar a ele mesmo. Para quem lê e faz uma experiência estética, sente alegrias indizíveis de tanto primor literário, mas ele, pelo seu drama pessoal, experimentou o sofrimento E O DRAMA de existir, no poema DISPERSÃO (Mário Sá-Carneiro) augusto filho de Portugal, podemos sentir o que sente o Poeta, a poetisa e o poema:
“Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim”
(Professor :HenriqueJuvenal Viana; Faculdade Católica de Belém e ESAMAZ–Pará-Brasil)