Lugar-sentimento
Manhãs refrescantes, brisa do mar, barulho das ondas. As ondas são, realmente, impressionantes! Uma força potente, fugaz, mas que está sempre a retornar. É a sua essência perceptível à dimensão sensível humana! A onda que passa não é a mesma, mas são ondas amigas, sincrônicas, melódicas. Ela se constitui de inúmeros antes e se refaz nos breves instantes. Permite a ausência que move e o inteiro que basta. Muitas vezes, elas ficam revoltosas. Ressaca de domingo! Acompanhadas ou não do sol, estão ali a passar na paisagem dada. As ondas se unem aos dias nublados, ficam ainda mais belas! Acredito que as suas preces sejam até mais ouvidas.
Eu, tão ignorante na física, fico na vontade de saber a fórmula das ondas. Quão bonita deve ser a equação do exato momento que elas quebram no mar! A formação, lá detrás, até o seu despir, enquanto um conjunto de números poético! Que nudez desejada! As ondas são ciclos do que fomos, estamos e seremos. São diferentes fases vividas. Quando as cortamos, transformam-se na própria corporização e musicalização da liberdade sentida sem limites. As ondas nos levam e nos trazem. Nunca nos deixam estáticos em pensamentos, tampouco sensações. Têm o poder de renovar a alma. Seu efeito medicinal – um tanto quanto místico – gera saúde em múltiplos aspectos. Alcalinidade que faz morada em mim! Tempera o meu ser. Ai, as ondas! Esse meu lugar-sentimento. Perfeitamente, onde consigo ser feliz.