ENCARCERADO
Jugado, sentenciado e condenado
A viver pra sempre encarcerado
Pelo crime do amor;
Numa linda e verde prisão
De chão batido de terra...
Pertinho, aqui na serra
Vento suave, o dia inteirinho
Esse agora é meu destino
Bendito seja, esse meu crime de amor!
Minha cela não é concreto
O céu de estrelas, se fez meu teto
Sou livre agora, não sinto dor;
Numa linda e verde prisão
De chão batido de terra...
Pertinho, aqui na serra
Prisioneiro da natureza
Nunca vi tanta beleza
Expulso daqui, um dia foi o desamor!
As grades desta prisão, sem cercas
São as árvores, as flores e as cachoeiras
Aqui nunca vou mais sentir calor;
Numa linda e verde prisão...
De chão batido de terra
Pertinho, aqui na serra
Ocupando este mesmo cantinho
Junto a todos os passarinhos
Vou aquietar pra sempre o meu clamor!
Despertarei com o canto do sabiá
Depois do café quentinho, saindo para pescar
Esquecerei o que é rancor;
Numa linda e verde prisão
De chão batido de terra...
Pertinho, aqui na serra
Guiado por cigarras e borboletas
Quero morrer nessa cadeia sem cercas
Na prisão perpétua de amor!