Que pena, amor
Pena de tinteiro
Escrevendo poema
Pena que a gente se perde
Entre dezembro e janeiro
E fica repetindo o lema
Palavra que tem a cor verde
Pena de um anjo bom
De pássaro azul e amarelo
Pena que a gente sai do tom
E prega prego sem martelo
Pena não merecida
Atrevida mudando a sorte
Sina comprida
Com tantas cicatrizes e cortes
Profundos, rasos
Feridas indevidas
E sobre a mesa, o vaso
Restos de flores adormecidas
Pétalas em sobrevida
Vermelhas, tecidas, tingidas.