Combatente
Um corpo jaz na terra.
Sobre a terra escura, rica, generosa, um corpo humano jaz.
Inerte, ainda jovem, consumido pela fogueira das paixões.
Fogueira que agora é fogo morto. Tão morto quanto seu corpo.
Ao seu redor a vida verdeja e o tempo segue correndo, paciente.
O calor ainda se esvai das extremidades, e os fluidos ainda brilham, frescos.
O sangue rasteja, vermelho. Vermelho vivo. Mas, o corpo; o corpo é morto.
Formigas prospectam a novidade, e a natureza começa a reclamá-la para si.
O amor devotado por aquela terra pelo outrora vivo agora os unirá na morte.
Ao seu lado, silenciado, o artefato de morte que usara para defender a terra. Sua terra.
Terra que não precisa de dono nem defesa.
Os insetos zunem, as plantas estalam, o vento sopra, a chuva cai, as armas disparam.
As paixões dos homens não cessam. Intensa fogueira que consome a carne, até que esfrie.
Oremos por este jovem. Oremos pelos jovens que acreditam. E caem.
E seguem caindo.