Combatente

Um corpo jaz na terra.

Sobre a terra escura, rica, generosa, um corpo humano jaz.

Inerte, ainda jovem, consumido pela fogueira das paixões.

Fogueira que agora é fogo morto. Tão morto quanto seu corpo.

Ao seu redor a vida verdeja e o tempo segue correndo, paciente.

O calor ainda se esvai das extremidades, e os fluidos ainda brilham, frescos.

O sangue rasteja, vermelho. Vermelho vivo. Mas, o corpo; o corpo é morto.

Formigas prospectam a novidade, e a natureza começa a reclamá-la para si.

O amor devotado por aquela terra pelo outrora vivo agora os unirá na morte.

Ao seu lado, silenciado, o artefato de morte que usara para defender a terra. Sua terra.

Terra que não precisa de dono nem defesa.

Os insetos zunem, as plantas estalam, o vento sopra, a chuva cai, as armas disparam.

As paixões dos homens não cessam. Intensa fogueira que consome a carne, até que esfrie.

Oremos por este jovem. Oremos pelos jovens que acreditam. E caem.

E seguem caindo.

Eudes de Pádua Colodino
Enviado por Eudes de Pádua Colodino em 24/01/2020
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