O Banho

Cassia Caryne - 19/01/2020

A ducha aberta com água morna. Sabão, shampoo, espuma e óleos de banho. Cheiro bom. Eu, debaixo da água. Lavando corpo e pensamentos. É no banho que penso na vida... Repasso os acontecimentos do dia. Faço contas domésticas. Arranjo saídas para meus problemas. Desmorono diante de alguns, insolúveis... Lembro-me de coisas que devia ter feito e, por esquecimento, não fiz. Bato a cabeça na parede, contrariada... E traço estratégias, recomeços, rotas... O banho vai purificando a alma também. Tempestade de pensamentos sendo lavados pelo banho. Água suja indo para o ralo. Divago... Penso que Jesus foi batizado no Rio Jordão. Que quando somos batizados, na Pia Batismal, nos tornamos cidadãos do Céu. Que Naamã, o sírio, foi curado da lepra após se banhar por sete vezes no Rio Jordão. Os evangélicos são batizados em águas de lagoa ou rios. Penso em banhos de mar, que amo. Em banhos de cachoeira, emocionantes. Talvez o banho seja mesmo purificador. Quando estou muito cansada, uso esse remédio. Triste, tomo banho. Nessas circunstâncias é especialmente bom, porque posso chorar à vontade... Ninguém vê ou ouve. Quando estou feliz, o banho deixa a pele mais reluzente. Então lembro-me do xingamento: " - Vai tomar banho! " Viu? É para se purificar, melhorar o caráter, tornar-se melhor. Depois de tudo isso o banho chega ao fim e a crônica também.