Bolo de baunilha
Abstrato,
Quantas vezes ganham forma,
Cor, forma e até cheiro;
O bolo de baunilha é quase um verso
Um poema de sabor e aroma,
E quem conhece a baunilha?
Virose é o heterônimo de quantos males?
Quantas dores, febres e chagas?
Quanto o etéreo é tangível?
Os mitos são criados para dar forma ao inexplicável,
Um poeta disse que a tulipa é amarga,
Teria ele experimentado a tulipa?
Precisa se fazer palpável para ser sentido?
Baunilha, viroses e tulipas montam nossa mitologia?
Quero continuar usando sinais, marcas e ícones,
Quero falar de sensações mais amargas que jiló,
Ou tulipa,
De pessoas inexpressivas como o chuchu,
Ou da paciência maior que a de Jó;
Talvez eu nunca venha a conhecer sementes,
Talvez nunca serei apresentado à baunilha,
Vou continuar dando nuances à minha imaginação
Quero a retórica coloridas com mitos,
A minha pelo menos,
Quero fomentar a imaginação,
Dar sabor a aquilo que eu venha sugerir
Não vou dar limites, que o concreto impõe
Cores, sensações e aromas continuarão a valsa
Independentemente de qualquer preconceito.