O ESPELHO DE NARCISO

Narciso embriagou-se vendo nas águas refletida a sua imagem,

Instaurou a autoidolatria, nada mais que uma grande bobagem,

E mergulhou na grande maratona para sempre levar vantagem.

Doce infância de que pouco recordamos no fim da vida,

Onde o espelho ocupava pouco espaço entre os bonecos,

Pois nessa etapa a vaidade ainda não se encontrava inserida,

O dono dos bonecos, não se incomodava com valores estéticos.

Na adolescência e na fase adulta, o espelho domina os espaços,

Os detalhes são minuciosamente observados, com todo cuidado,

Sem o menor descuido para evitar todos e quaisquer embaraços,

A vaidade impera soberana, poderosa, no comando determinado.

Mas chega a velhice, o tempo passa, ele de ninguém se esquece,

As reflexões avançaram indicando onde se encontram os valores,

O conhecimento ocupa todos os espaços e a vaidade desvanece,

Retrocede a atenção com o exterior e avançam os dons interiores.

Aumenta o isolamento e a solidão produzidos pela individualidade,

No contexto, não prevalece a vontade pessoal de compartilhar,

Pois a compreensão para alcançar toda a sua profundidade,

Depende somente dos que têm a coragem de mergulhar.

Pobre do Narciso, agora ele necessita convocar toda sua coragem,

Ele deve olhar para dentro de si mesmo e receber uma mensagem,

Para então afinal compreender o verdadeiro sentido da sua viagem.

Edgar Alexandroni
Enviado por Edgar Alexandroni em 09/01/2020
Reeditado em 27/01/2020
Código do texto: T6837799
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