Do sonho com meu amado

Em meu sonho li teus olhos. Teu sorriso era o mesmo de outrora. Tua casa era ruínas, mas teu calor ainda ali pulsava, teu cheiro ainda pairava nas brisas. Aquele rio ainda cantava teus mantras e eu te buscava, sabendo vã minha procura. Estavas morto, mas eternamente vivo dentro de mim.

E cantei e dancei a minha dor... perdida entre as pequenas coisas que me dedicaste, entre as imagens da ternura compartilhada. Deixei escoar, em sons e movimentos, a música e a poesia que brotavam de minh’alma ao toque das lembranças mais ternas.

E, como consolo vindo dos céus, parecia que tudo havia sido um sonho... tu estavas vivo e, agora, dançavas comigo. Alegremente, esbocei passos de ventura e esperança nova. Tu me abraçaste forte e como eu quisera parar o tempo naquele abraço! para nunca mais me perder de ti...

Mas o dia clareou meus olhos e as imagens se esvaneceram, qual bruma aos raios do sol. Restaram apenas a vaga lembrança do sonho e a cariciosa sensação do teu abraço... e as lágrimas de quem se vê exilado dos seus maiores quereres.

Quem poderá compreender a dor terna e insolúvel de quem ama e não pode mais contemplar o ser amado? O penar silente e copioso de quem não pode mais envolver-se no abraço de seus afetos?