GAVETAS e BAÚS esquecidos...
Sou, o quê me pedem fazer, que é, guardar;
Guardo, todas as tralhas;
...bolsas, papéis, toalhas;
Se vazia...
Guardo lugar!
Por hora, o nada que guardo
Espera a hora, do desmonte das malas;
...panos, pratos, papéis toalhas,
Talheres...
E mais, o quê me pedem e querem, guardar!
Outrossim...,
Guardo no fundo, o profundo medo;
Aquilo que é proibido;
...que assusta;
...que aguça e que ruça os dedos!
Guardo os segredos, inconfessáveis;
Que confesso...
Nem eu, saber quem os são;
Pois sou bruta, sou fria...
Pra muitos esquecidos, nem existo;
Mas, insisto guardar
O quê me pedem, guardar!
Guardo muitas das vezes um monte de porcarias;
...caixas abertas, rasgadas, vazias;
Lembranças de cabeças sombrias;
Guardo tristezas;
...incertezas...
Abro-me e fecho-me
Expressando saudades,
Vontades e alegrias!
Guardo em mim
O quê me obrigam, guardar;
...o certo, o errado;
O abstrato e o concreto;
Os anseios e os resquícios de amor e de dor;
...as cartas fechadas, rasgadas, abertas;
...os souvenires, os gestos...
...o vidro do último perfume, secando, aberto;
Guardo, o suspiro inocente;
Assim, como também...
Preservo abafado, as mágoas correntes!
Guardo num cantinho perdido
O objeto útil, aceso e discreto
Aquele que vai imitar na noite escura, o dia;
Que vai fazer aclarar na escuridão...
Uma noite, sem luar!