O Homem a Sua Procura

Mergulhado em rios que se ebuliam vivos,

Aflorei por cá a chaga e meu parvo intento

Disse mentirosamente a que vereda ia, procurando a sorte minha,

E agora do que padecer e onde afiar destas garras vadias

Escondo-me sob as pedras em posição mortal,

Apontando os dentes a quem der de si sinal,

Que me estou cheio nos caninos de doce peçonha e sonhos de indevido fel

E outros malditos penduricalhos de azemel que se meteram por meus caminhos

Eis meu nome na boca de quem somente amaldiçoa

Logo mais me terei com os seres que praticam praça e loa

"Serás pela ida da fome e o destino da sede", repetiam-me os prevaricadores

Também disseram algo os da volúpia e os da ira, cá e lá por onde eu me vinha

E foram golpes de faca e brunimento firme que me acompanharam

Sob a forma única de festim compulsório e hospitalidade de escárnio

Este contorno amigo e horizontal a dias de distância do que somente se poderia crer memória,

Pois que, em realidade, não me acompanham quaisquer sombras e vultos que a sejam

De vilania ilusória, quem dera?

Ou descabidamente à luz própria?

Em troca, uma promessa suspeita de que me ressarcirão em anos fartos

Por ora, vou detestando cada momento que a mim vão incumbindo a largo

H Reis
Enviado por H Reis em 03/01/2020
Reeditado em 03/01/2020
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