Arte e artista

Jaz minha imagem em rima com as cores deste retrato.

Figuras geométricas moldam o alicerce das paredes claustrofóbicas.

Cinza profundo da fumaça que substitui hoje as nuvens do céu acentua o sutil desamparo no ambiente.

O interior de casa em tom carmesim, o calor familiar como um invólucro zeloso, um choque entre as dualidades que compõem esta novela individual e particular.

Abstrato, transparente, a arte e o artista se pondo em meio ao fluxo de inspirações que me leva em sua correnteza até algum lugar além dos sentimentos que as conceberam princípio.

Abrigo-me na criatividade que me promete segurança e confidência ao que me admiti incapaz e impossível de tolerância e coragem.

Falo a língua de minh‘alma, a única maneira de compreender o que se escreve nos parágrafos do meu delírio. Um diálogo, um duelo, um capítulo de uma interminável história.

É uma beleza que aprisiona e me ameaça com o temor recorrente de não ser capaz de tornar a realidade uma idêntica recriação das expectativas as quais me iludiram o refúgio de minha fantasia.

Em meio a isto, sou a razão e o motivo pelo qual minhas palavras me constroem e me presenteiam infinitas identidades. Este é o reconforto o qual me move entre os dias.

É o que me assegura que terei forças em mais um amanhã, é pelo o que escrevo e sou escrito pela poesia que reside inquieta a procura de oportunidades para despertar meu pior e melhor para que o mundo inteiro possa ver.

Sincero e verdadeiro, meus passos são meus versos, minha respiração são minhas metáforas, meu existir é a certeza de que as condições que levem ao fim de tudo isto sejam as mesmas as quais desvanecerão o resto do meu ser.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 31/12/2019
Reeditado em 31/12/2019
Código do texto: T6831355
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