Minha Aurora

Estão declaradas a guerra e a calamidade

Levantei contra este céu de tristeza

Minha espada e a lança da blasfema felicidade

Arrasei em cerco flamejante esta citadela

Seguido da orquestra dos círculos paradisíacos

E dos ventos sibilantes da inquietude,

Vim pilhar da terra da inocuidade,

Carregado duma armada inteira, e da tua imagem

Aqui! Trovões de meu peito!

Ah, não amenizeis vossa fúria!

Dada não está a hora última!

Não me tomeis por caído afoito!

Lembrai do semblante resplandecente,

Do vigor interminável e pujante,

Do corpo em arco e protuberante,

Tudo isto já carreguei, mas que se acrescentem

Meu sangue agora de vinagre e acre,

Meus pés de barro e escarro,

Minha carcaça em porcelana leviana

E minha vontade em vanglória furiosa

Nada além de minha Aurora

H Reis
Enviado por H Reis em 27/12/2019
Reeditado em 27/12/2019
Código do texto: T6827888
Classificação de conteúdo: seguro