Herói por um dia
Herói por um dia
É, o ano voou, talvez, Deus esteja empurrando o tempo para dar ao homem a oportunidade de relaxar, deixar o trabalho na esquina; abrir os olhos e contemplar o jardim da vida.
Nele, observar as rosas da janela; as margaridas da varanda; as carmélias da rua; os cravos de gravata; os antúlios de bermuda; os lírios de farda e os girassóis de prancha.
Em casa, terá a sorte de conviver com a borboleta e o beija-flor; os guardiões da beleza, cada um com sua função; juntos garantem o equilíbrio da natureza.
Ficará maravilhado com explosão de cores; lamentará ter perdido a sensibilidade diante da seca de emoção; mas será inundado pelas lágrimas de chuva, e a fertilidade do sentimento vai germinar o coração.
O amor vai emanar energia, e você olhará para o céu; com sorte estará limpo e com nuvens de bons pensamentos; sentirá o calor do sol e abrigará um amigo; se fizer frio vai chover cobertor no asilo.
Plugado na esperança, aos poucos, vai surgindo a criança que um dia sonhou de alegria; riu de medo; brincou de ser feliz; pulou a fome; matou a sede; rolou no colo da mãe; mamou o carinho do pai; caiu nos braços da família e, foi feliz.
Olhou para trás e viu que as bênçãos foram demais; seria crueldade lamentar prosperidade, num mundo tão desigual. Agradeceu a Deus, despiu-se do relógio, tirou a capa da invisibilidade, e foi herói por um dia.